quinta-feira, 7 de junho de 2012

"Drogas Recreativas" - Introdução da Obra de Luciano Quemello Borges


Introdução

A obra é um compêndio de céleres exames e de imagens sobre algumas drogas, destinada a auxiliar os profissionais que atuam na prevenção e combate, os pais que se preocupam com o bem-estar de seus filhos e a juventude engajada de forma consciente nessa questão.

“Droga Recreativa” é a substância, proibida ou permitida, que tem por finalidade proporcionar um prazer temporário. Esse prazer pode ser traduzido, entre outras, por impressões como euforia, aumento de sociabilidade, alucinação, delírio, combate ao estresse, emagrecimento, redução de ansiedade, relaxamento, perda de inibição, embriaguez, excitação, aumento do volume de músculos corporais, religiosidade, sedação, melhoria na memória, desaceleração do envelhecimento, perda de sono, analgesia e a satisfação da libido.

O tema não é atual. Nos cultos religiosos, os antepassados se pintavam, trajavam roupas especiais, dançavam sob luzes ao redor de fogueiras, mascavam uma folha sagrada e dominavam suas alucinações enquanto meditavam. Nas festas de hoje em dia, as pessoas ainda se pintam e trajam roupas especiais, entretanto dançam sob luzes ao redor de caixas de som, engolem um comprimido que equivale a dezenas daquelas folhas e, logo após, ainda tomadas pelos efeitos alucinógenos, dirigem seus carros em alta velocidade.

A Polícia, o Ministério Público e o Poder Judiciário desempenham suas funções com maestria, mas são apenas coadjuvantes nesse processo: o primeiro surpreende a pessoa com a droga, o segundo oferece a denúncia e o terceiro julga. Seus atos incidem sobre quem usa ou vende, mas não são capazes de diminuir a demanda nem o ímpeto do consumo.

É mormente fundamental o papel dos pais ou dos responsáveis nessa matéria, mesmo porque é a instituição familiar o único e eficaz mecanismo pleno de prevenção e combate às drogas. Todavia, é difícil aceitar que, por mais educação, religião, exemplo, participação, limite e carinho que os pais consigam oferecer, ainda assim quem vai decidir se usará ou não a Droga Recreativa é exclusivamente o próprio jovem, pois a vigilância não é uma constante e nem sempre os valores que se transmitem são assimilados ou colocados em prática nos instantes críticos. Em determinada oportunidade, ele estará nalgum lugar propício com seu grupo de amigos, e um deles poderá lhe apresentar uma amostra grátis. Nesse momento é provável que os valores façam alguma diferença: se o jovem não foi devidamente exposto à educação, religião, exemplo, participação, limite e carinho, seu caráter será facilmente suscetível às más sugestões, o que influenciará na sua decisão.

Mentira e violência já se mostraram caminhos inócuos. É preciso um diálogo mais franco, explicar ao jovem que toda e qualquer droga lhe dá prazer, porém esse prazer é rápido e cobra seu caríssimo preço em curto prazo, que o ideal é não experimentar e que pior é experimentar sem saber o que de fato se consome, o quanto, como e para qual finalidade, pois são justamente esses os fatores que, quando ignorados, levam-no ao vício ou à morte.

A Droga Recreativa não está à venda somente nas “bocas-de-fumo” de subúrbios, favelas e subhabitações. Está disponível nos centros das cidades à luz do dia, nas escolas e faculdades, em hospitais, lojas, academias de musculação, bares, farmácias, supermercados, entre outros.

O atual modelo de prevenção e repressão previne pouco, enquanto apenas combate o jovem que financia todo o sistema ilegal de venda de drogas, quer usando quer repassando, mas não machuca perpetuamente o mesmo sistema, pois a substituição de peças nesse tabuleiro é extremamente simples e ágil, desprovida de qualquer burocracia. 

Ademais, o jovem não é o inimigo, nunca foi. Os verdadeiros inimigos são o “uso indevido” e o “abuso” da Droga Recreativa. Destarte, é preciso conhecê-la, como ensinou, em “A Arte da Guerra”, o mestre “Sun Tzu”:

“Se você conhece o inimigo e conhece a si mesmo, não precisa temer o resultado de cem batalhas. Se você se conhece mas não conhece o inimigo, para cada vitória ganha sofrerá também uma derrota. Se você não conhece nem o inimigo nem a si mesmo, perderá todas as batalhas”.